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segunda-feira, outubro 27, 2003
Meu primeiro Diwali
O convite foi feito na sexta, pela Renata. “É uma comemoração do ano novo indiano. Lá faremos oferendas e entoaremos mantras. É uma coisa legal, diferente. Vamos?” Vamos, claro! “E não esqueçam de vestir roupas claras”.
Separei minha calça-oficial-de-ano-novo e uma blusa branca. Parecia que ia receber santo, então joguei por cima a famosa bata-amarela-dos-tempos-que-mamãe-era-hiponga. Ela possuía furos, mas os hindus não ligam para esses lances de matéria. Claro, nós pés, saltinhos, que depois se voltaram contra mim.
Seguimos para a festividade, que estranhamente aconteceu no Clube Homs, reduto dos mais antigos (e caquéticos) imigrantes árabes de São Paulo. Sim, encontrei as 118 variações do meu sobrenome no mármore de homenagem aos colaboradores, assim como uma citação de meu tio Samuel “Knows It All” sobre a nobreza do médio-ocidental.
Enfim chegaram as cunhadas, e um dos primeiros comentários que ouvi sobre a cerimônia foi de que Fernanda teria engravidado 17 dias depois de seu primeiro Diwali, há quatro anos, tamanha a fertilidade que a deusa Lakshmi transmitia. E eu pensei que devia então era fazer greve de sexo, ou a tal indiana ia me sacanear. Sim, eu penso sempre em merda.
Começou a cerimônia. No palco, um coro puxando os mantras. No salão, todos nós sentados no chão, segurando uma vela num copinho, e lendo os mantras no telão. Ora eu cantava, ora batia palmas, ora olhava o Miguel para ver se ele também estava participando e eu não era a única. Até decorei um mantra: Tchanana Shanana Ganesha Shanana. Decorei porque achei ele, tipassim, super ié ié ié.
Apesar de tanto Om Shanti Om, infelizmente não consegui encher meu coração de paz. Um moleque que estava ao meu lado colaborou, juro. Impressionado com a presença de celebridades no salão, ele ficava se debruçando em cima de mim para ver o que acontecia do outro lado. Isso sem contar que todo o movimento que eu fazia, ele achava que era parte do ritual. Tirei o sapato, ele fez igual, sentei em posição de lótus, lá veio ele imitar, cocei a bunda... and so on. Shiva devia jogar um raio naquele paspalho.
Enfim acabou. Nos abraçamos todos, dando “a paz do senhor” em hindu (ok, parei com gracinhas), ganhamos saquinhos de amendoim e ficamos para assistir o show de habilidades indianas. Dança, yôga/ióga, lendas etc.. Zarpamos de lá para comer um bom Big Mac e blasfemar a vaca.
Como experiência, achei muito bacana. Fiquei impressionada com o tanto de gente que estava lá, gostei de saber cada costume – antigamente eles mandavam loucos para os “contadores de histórias”, porque acreditam que a sabedoria está na vivência - , cada lenda, ver as reais vestimentas e mesmo as danças mais contemporâneas. A quem quiser, fica o convite para o próximo ano.
Postado por Bia Bonduki * 11:16 da tarde *
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