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quinta-feira, fevereiro 19, 2004
E aqui vão... OS PEITOS!
Começou com um incômodo no peito, como um pêlo encravado ou um furúnculo que ainda não abriu. Doía muito, parecia que algo estava sendo expelido sob minha pele. Meu pai não agüentou tanta reclamação no ouvido e me levou ao médico. "Olha, que
bonitinhos, Aninha. Você vai ter peitinhos!" - disse contente o (pedófilo do) meu
pediatra. E eu, que jurava que peitos nasciam de uma hora pra outra, grandes, engoli
em seco. Será que ia ser dolorido para sempre?
Um dia, cheguei em casa e achei uma caixinha branca em cima da minha cama. Era um
sutiã, bege, com um brilhantezinho no meio dos "porta-peitos". Qualquer semelhança
com a propaganda da Valisére é mera coincidência. Experimentei, e ficou aquela coisa
murcha e desnecessária, mas muito simbólica. Era a primogênita virando mocinha. E
como isso era chato, ô meu Deus!
Começaram as torturas: ciente das minhas novas aquisições, minha irmãzinha quatro
anos mais nova descobriu o quão legal era dar socos nos meus botõezinhos; tive que
passar a usar a parte de cima do biquíni e perdi meu bronzeado indígena; aboli o uso
de blusas justas, que deixassem marcado o meu sofrimento; e, para coroar, uma amiga da minha mãe, toda vez que me via, apertava meus "peitinhos" e ria, "Tá mocinha, né, Ivone?". Que despeito! (Perdoem-me, eu tinha que ser infame)
Com 11 anos, passei a usar sutiã diariamente. Não que fosse indispensável, mas,
sabe, era tão "cool" ser moça na quinta série, eu tinha que aderir. Finalmente eles
pararam de crescer e doer, e ficaram bonitinhos. Laranjinhas, nada muito grande
comparado ao que a genética me guardava - minha mãe e as tias do lado do meu pai são todas peitudonas. Comecei a gostar daquilo. Hmm, decotes, blusinhas sem sutiã,
adereços perfurantes (aliás, sei lá porque, tenho o hábito de pegar um peito com a
mão quando debruçada na mesa). Fora a parte interativa da coisa: tocar, apertar,
lamber, blá blá blá... - não estou escrevendo um manual de "como deixar meus peitos
felizes".
Hoje, meto os peitos sem medo, lido com eles numa boa. Gosto deles, e gosto ainda
mais de sentir que os tenho. Não questiono silicone nem outras plásticas, acho que
devem ser deixados a gosto, afinal, são um dos símbolos da nossa feminilidade.
Postado por Bia Bonduki * 3:47 da tarde *
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