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sábado, junho 19, 2004
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Uns dizem que a paixão dele "é fruto da novidade e da dificuldade da conquista", outros pedem que eu deixe de manter contato e de dar conselhos, e há aqueles que, auto-intitulados reis da análise de botequim, sempre enxergam os erros em mim. E vocês, darão opiniões, ou preferirão, a isso, a verdade dos fatos a partir de sua detentora legítima? Caso tenham (sabiamente) escolhido a segunda opção, saibam que fui curada. Curei, oras. Rápido? Concordo, até. Mas vocês devem levar em conta a intensidade. E arianos são intensos-porém-ligeiros. Amam e desamam como se come e caga, ou, para os menos pudicos, como se trepa e goza. Assim, automaticamente. E não me venham com sermões. Não preguem a eternidade das coisas. Só sabe quem sente, e o que sinto é leve leve leve. A mágoa passou, a paixão sumiu e o amor abrandou, esmoreceu, morreu. É mais ou menos como ter estômago fraco ou ejaculação precoce: quando menos se espera, você já está cagando/gozando. E eu estava muito acomodada. Não era feliz, satisfeita, plena. Fazia, no máximo, as vezes da garota que tinha para quem telefonar nos momentos de maior necessidade. Eu não seduzia, jogava, conquistava. Sobrevivia murcha, sem metade do que sempre carreguei comigo. Parecia até que havia esvaziado as malas do passado, dado os trapos velhos à Legião da Boa Vontade, e seguido vazia. Mas não. As malas ainda estão aqui, cheias de relíquias, quinquilharias e preciosidades que somente a mim pertencem. Faz bem sentir-se observada sem culpa. Faz bem arrumar-se para si. Faz bem ter a obrigação de agradar a uma única pessoa. E há tempos eu não me lembrava desse negócio de ouvir minhas músicas, ler meus livros prediletos, conversar sem ter de colocar na fala o peso dos relacionamentos frustrados pela mesmice. Por conta de tamanho insight, seria deveras estúpido culpá-lo por erros que não lhe pertencem. Deixem-no lá, em paz. Aproveitem e deixem de teorizar sobre os hiatos que ocorreram nesse relacionamento. Entendam: as únicas pessoas que possuem habilidade para tanto somos eu e ele. Porém, mesmo que cheguemos a algumas conclusões, elas sempre serão unilaterais, pessoais, subjetivas. Posso, sim, admitir minha parcela de culpa, mas já não suponho que essa seja a chave das explicações, visto que notei, pela primeira sacrossanta vez, que a parte que mais me agoniava era justamente a minha. E essa foi completamente sanada, graças a Deus, ao meu novo corte de cabelo, às noites bem-dormidas e àqueles que possuem total ciência de que dedo em riste só serve para ser enfiado no próprio cu.
Postado por Anónimo * 1:23 da manhã *
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